Quinta das Magnólias passa a integrar a Rota do Queijo Paulista e celebra a força feminina na produção artesanal
- Rafaela Maciel
- 13 de nov.
- 3 min de leitura
Por Rafaela Maciel — Elas em Pauta

A paixão pelos animais e o sonho de criar queijos autorais deram origem à Quinta das Magnólias, que agora representa Bragança Paulista na Rota do Queijo Paulista, um dos projetos mais importantes de valorização dos produtores artesanais do estado. À frente da queijaria está Júlia Ribas, veterinária e amante de queijos desde a infância, que transformou o amor pelo campo em um propósito de vida.
“A Quinta nasceu do sonho de fazer queijos autorais, mas com foco nos animais, garantindo a qualidade de vida das vacas”, conta Júlia. O cuidado com cada etapa da produção — do manejo ao produto final — é o que torna os queijos da marca únicos e cheios de personalidade.

Segundo Júlia, entrar para a Rota do Queijo Paulista foi um marco importante. “Achei a rota um projeto sensacional, porque dá visibilidade aos pequenos produtores como nós e faz com que mais pessoas conheçam nosso trabalho”, celebra, “Essa conquista traz visibilidade e reconhecimento não só para nós, mas para todos os queijeiros paulistas.”
Os queijos da Quinta das Magnólias são feitos com leite cru das próprias vacas, criadas em um sistema de bem-estar animal. “Nosso propósito é produzir queijos únicos, com muita personalidade. Queremos que as pessoas se surpreendam em cada mordida”, diz ela. O queijo Hades, segundo Júlia, é o que mais representa a essência da queijaria atualmente.
Apesar dos desafios de manter qualidade e identidade em um mercado competitivo, Júlia acredita que o segredo está na origem: “Produzir receitas únicas já é um desafio, mas o principal é garantir a qualidade da matéria-prima — e por isso nosso foco sempre esteve nas vacas.”

No universo dos queijos artesanais, tradicionalmente masculino, ela se destaca como exemplo de sensibilidade e competência. Com bom humor, lembra que o ofício de queijeiro já foi visto como exclusivo dos homens: “Diziam que se a mulher estivesse em seu ciclo o queijo iria desandar!”, brinca. “Mas conheço mulheres incríveis que fazem queijos com maestria. O trabalho rural ainda é masculino, sim, mas eu sempre digo: vacas são mulheres — e quem melhor do que mulheres para conhecer outras mulheres?”
Com uma visão que une técnica, afeto e propósito, Júlia inspira outras mulheres a seguirem o mesmo caminho. “Nem sempre é fácil — somos mães, esposas, filhas — mas o campo é um lugar mágico, onde conseguimos nos conectar com a nossa natureza. Trabalhar no campo é viver intensamente.”
Os planos para o futuro incluem novos produtos e o desejo de ampliar a produção, sempre com foco na transparência e na valorização do bem-estar animal. “Quero que mais pessoas conheçam nosso método de produção e de criação dos animais”, afirma.
Com autenticidade e sensibilidade, Júlia Ribas mostra que o queijo artesanal é muito mais do que alimento — é cultura, é território e, acima de tudo, é expressão do cuidado e da força feminina no campo.




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