Elas no Agro - A trajetória de Elda Vieira, do Aromas & Sabores e Café Essência

Engenheira de formação, Elda trocou a indústria pelo café e hoje é uma das vozes femininas que ajudam a fortalecer o setor cafeeiro da região

Por Rafaela Maciel

A paixão da bragantina Elda Vieira pelo café começou ainda na infância, quando acompanhar a mãe em passeios por cafeterias era um momento especial. O aroma, os sabores e até a arquitetura dos espaços foram despertando nela um encanto que, anos depois, se transformaria em profissão e propósito de vida.

Engenheira e especialista em Gestão de Projetos, Elda atuou por mais de 14 anos na indústria antes de decidir seguir seu verdadeiro sonho: abrir a própria cafeteria e viver do café. Ao lado da esposa, Marilaura, tornou-se produtora de café e empresária, dando vida à Aromas & Sabores e à marca Café Essência, duas iniciativas que nasceram da dedicação, do cuidado e do amor por essa bebida tão presente no cotidiano brasileiro. “Minha esposa foi minha grande incentivadora. Eu sou muito sonhadora, e ela me deu coragem para assumir tudo. Transformamos esse sonho em realidade, mesmo enfrentando desafios”, conta Elda.

Desafios e conquistas no setor

Em um mercado ainda predominantemente masculino, Elda precisou conquistar credibilidade e provar sua capacidade de gestão. “No início, precisei provar minha capacidade mais de uma vez, mas isso me fortaleceu. Hoje, transformo essas experiências em motivação para inspirar outras mulheres a acreditarem no próprio potencial.”

Essa força se reflete também na qualidade do Café Essência, um Catuaí Vermelho produzido de forma artesanal, com colheita manual e torra média clara. Os grãos passam por uma seleção rigorosa, garantindo um café equilibrado, puro e de alta qualidade.

“O solo da Região Bragantina proporciona um equilíbrio único entre corpo, acidez e doçura. Cada café tem seu terroir, um conjunto de características que o torna verdadeiramente único”, explica.

Valorização local e sustentabilidade

Elda faz questão de valorizar produtores locais e incentivar práticas sustentáveis. Um dos parceiros é o produtor José Oscar, conhecido como “Zé do Café”. “Nosso propósito é reconhecer o trabalho de quem cultiva com tanto cuidado e fortalecer a agricultura familiar”, destaca.

O protagonismo feminino no café

Nos últimos anos, Elda percebe um aumento expressivo da presença feminina no setor cafeeiro — da produção ao consumo. “Hoje, vemos mais mulheres abrindo cafeterias e também apreciando cafés especiais. Elas trazem atenção aos detalhes, paciência e sensibilidade, o que torna a experiência mais acolhedora e especial.”

Ainda assim, as barreiras persistem. “A mulher sempre foi vista como o sexo frágil, mas estamos mostrando totalmente o contrário, que conseguimos conquistar nosso espaço no mundo agro, enfrentando os desafios do mercado e, ao mesmo tempo, cuidar da nossa família, trazendo ainda mais cuidado e atenção aos detalhes e sensibilidade para o universo do café.”

O 1º Festival do Café de Bragança Paulista

Recentemente, Elda participou da organização do 1º Festival do Café de Bragança Paulista, evento que destacou a produção local. “Foi uma experiência cheia de emoções e ansiedade, mas a sensação final foi de dever cumprido e orgulho pelo resultado alcançado”, afirma.

Segundo ela, o principal objetivo foi valorizar produtores locais e fomentar a agricultura familiar. “Acredito que o festival tem potencial para se consolidar como um marco anual, valorizando o café e o também trabalho das mulheres que trabalham neste setor.”

Olhar para o futuro

Entre seus próximos projetos está a criação de um espaço rural voltado ao turismo cafeeiro, onde o público poderá vivenciar toda a jornada do grão à xícara. “Empreender no universo do café exige coragem, dedicação e paixão. Acreditem no seu sonho e valorizem os detalhes — porque lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive nesse mercado”, conclui.