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Verena Cavalcante lança seu primeiro romance de horror – e já escolheu Bragança como cenário das próximas histórias

Como Nascem os Fantasmas, primeiro romance da autora, publicado pela Companhia das Letras, foi lançado oficialmente nesta terça-feira, 10 de junho
Como Nascem os Fantasmas, primeiro romance da autora, publicado pela Companhia das Letras, foi lançado oficialmente nesta terça-feira, 10 de junho

“A literatura de horror nunca foi uma escolha. Ela simplesmente aconteceu.” É assim que Verena Cavalcante descreve sua relação com o gênero que a tornou uma das vozes mais instigantes da nova geração de autoras brasileiras. Escritora, premiada, intensa e delicada, Verena escreve para tocar nervos expostos – e para oferecer conforto através do corte.

Atualmente morando em Limeira, a autora mantém laços profundos com Bragança Paulista, onde viveu dos 13 aos 22 anos e onde seus pais ainda residem. “É uma cidade com muitas histórias, casos escabrosos… Tem uma atmosfera que, para mim, é combustível criativo”, afirma.


Da infância criativa ao primeiro livro

A escrita sempre fez parte da vida de Verena. Desde cedo, ela rabiscava diários, inventava finais alternativos para contos de fadas e explorava universos paralelos. Mas foi em 2015, com o lançamento de Larva, seu primeiro livro de contos, que deu início à carreira literária profissional. Depois vieram O Berro do Bode, Inventário de Predadores Domésticos e, agora, seu primeiro romance, Como Nascem os Fantasmas, publicado pela Companhia das Letras e lançado oficialmente nesta terça-feira, 10 de junho, mesmo dia no aniversário da escritora.  “Ele é o livro que mais me representa. Partiu de uma base autobiográfica e tem a minha essência, minhas lembranças e vivências de infância. Apesar de ser ficção, fala sobre mim.”


Bragança como território da memória – e do próximo romance

Embora seus livros publicados até agora não se passem em Bragança, a cidade está prestes a se tornar cenário de sua próxima obra. A escritora revela estar trabalhando em um livro com personagens adolescentes inseridos em subculturas urbanas como o gótico e o punk, muito inspirados em sua própria juventude na cidade. “Todas as minhas experiências com Bragança têm relação com a adolescência. É isso que quero explorar nesse novo projeto.”

Além disso, ela pretende revisitar elementos sobrenaturais das lendas locais, como os arredores da Igreja dos Enforcados, espaço que ela cita como referência para um futuro romance.


Horror como ferramenta política

Em suas obras, Verena não foge da violência. Pelo contrário: encara de frente. Aborda abusos, silenciamentos e medos reais – principalmente aqueles vividos por mulheres e crianças.

“A literatura é política. A minha escrita é atravessada por temas que incomodam. É comum as pessoas se surpreenderem quando descobrem que, sendo mulher e parecendo ‘gentil’, eu escrevo sobre isso. Como se só pudéssemos falar de maternidade ou amor.”

Essa tensão entre expectativa e ruptura é central em seu trabalho. Seu objetivo, segundo ela, é causar desconforto – e também acolhimento.

“Quero que meus livros machuquem e, ao mesmo tempo, confortem. Que sejam faca e sutura.”


A nova era do horror brasileiro – e o protagonismo das mulheres

Verena destaca que o horror nacional está mais vivo do que nunca. Graças às redes sociais e ao crescimento de coletivos femininos, autoras latinas vêm ganhando destaque no país e fora dele.

Ela participa do coletivo Nidaba, que recentemente lançou a antologia Mal-ditas (Editora Urutau), reunindo contos de mulheres que escrevem terror, fantasia e ficção especulativa. Entre suas influências e contemporâneos, ela cita autoras como Irka Barros, Paula Febe e Larissa Prado, além de nomes como Márcio Benjamin, Bruno Ribeiro e Moacir Phil.

“É um momento de ebulição. A produção nacional está diversa, potente, com vozes muito autorais. E com mulheres ocupando mais esse espaço, finalmente.”


O que vem por aí

Além de lançar Como Nascem os Fantasmas, Verena está reescrevendo um livro de contos e esboçando um romance ainda sem nome. Por enquanto, ela se dedica à divulgação do romance, à escuta do público e à preparação para novos encontros com leitores.

Seu recado para outras mulheres que desejam escrever horror é direto: “Olhem para o mundo e para si mesmas com olhos novos. Compreendam seus medos. Tudo pode virar literatura.”


Sobre o novo livro

Como Nascem os Fantasmas conta a história de Beatriz, uma menina criada pelos avós no interior dos anos 90, cuja avó é uma médium poderosa. Durante um apagão, Beatriz vê um fantasma – e isso desencadeia uma obsessão perigosa. O livro é sobre amadurecimento, espiritualidade, violência de gênero e os fantasmas (reais e simbólicos) que nos habitam.


 

 

 

 

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