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Crenças e bloqueios emocionais podem sabotar as mulheres na hora de empreender

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A ideia de abrir o próprio negócio já passou pela cabeça de muitas mulheres, pelos mais variados motivos: ter ou complementar uma renda; ter flexibilidade de horários e conseguir conciliar com a maternidade; fugir de empregos que não pagam um salário justo e de ambientes tóxicos, entre tantos outros fatores, que as fazem ver no empreendedorismo uma alternativa.


Porém, ao começar a empreender, muitas mulheres esbarram em crenças e bloqueios emocionais que podem sabotá-la para conseguir tirar sua ideia do papel. A insegurança resulta em medo na hora da tomada de decisões e, por vezes, faz com que o crescimento espontâneo do negócio seja atrasado em função dessas questões psicoemocionais. Lidar com esses sentimentos nem sempre é fácil. A Elas em Pauta entrevistou Layara Bueno, mentora de mulheres, coach, influenciadora e palestrante., formada em Gestão de Recursos Humanos, MBA Gestão de Pessoas para debater sobre este tema.

 

EP: Empreender tem sido opção para muitas mulheres. Quais seriam os principais motivos?


O empreendedorismo feminino vem crescendo a cada ano e isso acontece devido às mudanças sociais, econômicas, política.


Muitas mulheres começam a empreender por necessidade, seja para complementar uma renda ou mesmo o desenvolvimento de uma renda principal, ou buscar a flexibilidade de horários para conciliar com a maternidade. A pandemia também foi um fator chave para muitas mulheres se reinventarem e iniciarem seu próprio negócio, visto que muitas perderam seus empregos, precisando da renda mensal, passaram aplicar estratégias para vender de casa e assim surgiu a oportunidade de empreender.

 

EP: Quais são as principais inseguranças das mulheres ao tentar empreender?


A mulher, no geral, carrega uma cobrança maior pela sociedade e por isso elas iniciam com diversas inseguranças. Tais como medo de fracassar, medo de não conseguir conciliar rotina de casa e trabalho, não saber colocar preço nos seu serviço ou produto se vai de fato dar certo o seu negócio.

 

EP: Fale sobre os bloqueios emocionais, financeiros e familiares; boicotes e autossabotagem.

 

A palavra empreender para muitas mulheres é distante da sua “realidade”, isso porque ela começa sem uma mentalidade empreendedora e não falo de mentalidade empreendedora em começar seu negócio já sendo uma expert em todas as áreas que envolvem uma empresa, mas sim na sua forma de se ver.

 

Uma quantidade esmagadora de mulheres não se vê como empreendedoras. Isso se dá por crenças inconscientes que são instaladas na mente e passam a ser uma forma padronizada de se comportar, como por exemplo a crença de que para ser uma empresa, precisa ter um ponto físico, colaboradores.

Bloqueios emocionais têm grande peso para o sucesso de uma empreendedora, a maioria delas nem sabem que eles existem dentro de si nem tão pouco sabem quais são.

 

Todas nós temos bloqueios emocionais, eles estão diretamente ligados com nossa história de vida, desafios, superações, imagem pessoal, autoestima, experiências ruins vividas, necessidade de aprovação entre outras coisas. Mas a boa notícia é que todos eles podem ter o destrave e por isso eu afirmo que o autoconhecimento é um caminho que vai trazer resultados a toda empreendedora que estiver decidida a trilhar ele.

 

Por crenças e bloqueios como esses, essa mulher não consegue sistematizar em sua mente que ela é a empresa e nem se valorizar por isso, se sabotam, e se deixam ser sabotadas por outras pessoas que chega até ela como quem quer dar um concelho, mas está na verdade transferindo frustrações.


Empreender parece um novo mundo nascendo a sua frente e  por não ter segurança de como vai ser, iniciam já pensando no que pode dar errado e começam suas atividades informalmente, sem abrir o CNPJ/MEI, sem conhecer ou entender todo o procedimento documental que fará com que ela e sua empresa estejam asseguradas e legalizadas.

 

Além de toda segurança e estar dentro da legislação do país, o simples fato de abrir o CNPJ, inconscientemente gera um empoderamento, pois é o que torna o empreender “real” de fato. Esse não é o único passo para abrir uma empresa, mas um dos passos mais importantes a ser seguido.

 

Em minhas mentorias, treinamentos, sempre abordo o fato de que nós Brasileiros não recebemos nem a base de uma educação financeira você pode comprovar pelo índice altíssimo de pessoas inadimplentes.

Administrar uma empresa envolve também gerir o financeiro sem essa base ou desafios, podem se tornar ainda maiores, toda empresa leva um tempo para dar o tão sonhado retorno ou lucro e muitas empresas não conseguem chegar a 1 ano de funcionamento.

 

EP: Nós nos cobramos demasiadamente? Existe a comparação com outras mulheres?


As redes sociais tornaram-se palco de vendas de múltiplos dígitos e de visualizar a vida de muitas empreendedoras desfrutando do sucesso e faturamento de sua ou suas empresas. Você não deve olhar para o seu bastidor comparando com o palco da outra.


Mas você não precisa e não deve entrar nesse looping que só gera frustração e sofrimento, o autoconhecimento é a ferramenta que vai te ensinar a fazer análises e autoanálises sobre seus comportamentos e seu negócio, para que você não fique presa em armadilha sabotadora.  Me incluo nessas situações pois é um fato real, nossa mente é bombardeada o tempo todo e posso afirmar a você não perco mais tempo em armadilhas, usando ferramentas e o autoconhecimento que venho adquirindo a anos.

 

EP: Ao mesmo tempo, você acha que grupos de mulheres têm sido um suporte para as pequenas empreendedoras?


Eu acredito na união genuína de mulheres, no crescimento não só das empreendedoras locais, mas em empreendedoras espalhadas no mundo, que estejam empenhadas em fazer o ganha, ganha, que reconheçam, valorizem e incentivem o negócio uma da outra, sem se sentir diminuída, menos capaz, sem medo de concorrência.


Eu tenho experiência de mais de 15 anos na gestão de pessoas e mais de 8 anos com desenvolvimento de empreendedores. Vi muitas transformações acontecem nestes grupos. Porque acontecem conexões, identificações e ajuda mútua. Poderia citar muitos exemplos simples que vivenciei com as mais de 1.000 mulheres que já atendi.


Percebo que em algumas localidades e grupos ocorrem o que eu chamo de “filhos da cidade” e percebo essa “cultura” também aqui em Bragança Paulista. Ouvindo relatos de diversas empreendedoras daqui da cidade e região, existe a sensação de que grupos são ainda muito fechados, algumas empreendedoras têm mais oportunidades de mostrar seu negócio, ter destaque, receber convites do que outras, que não são da cidade, ou ainda não são conhecidas em seus negócios.


Confesso que também senti e sinto essa sensação, mas já desenvolvi em mim habilidades, que eu vou criando as minhas oportunidades, vou buscando conhecer as pessoas, não espero vir até mim.


Mas também tenho certeza que isso se dá pela uma visão regional interiorana, costumes que são passados de geração em geração, o famoso “Você filha de quem você é? Família ou parente de quem você é?”


Empreender por vezes é solitário e ter amigas, parceiras para dividir desafios, trocar experiências, ouvir ideias, feedbacks é incrível e gera transformações não apenas para os negócios. Acredito que para essa união e suporte acontecer exige: disponibilidade, interesse, posicionamento, empatia, escuta ativa, flexibilidade e conexão de valores.


E sair não apenas desse ciclo regional, mas também derrubar bloqueios na própria zona de conforto é entrar no movimento que eu chamei de “movimento de fora para dentro” que é interromper o padrão de comportamento que foi herdado e praticado tantas vezes que se tornou o caminho mais seguro a seguir.

 

Eu novamente afirmo que o autoconhecimento é o caminho certo para melhorar a si, as relações e potencializar, aumentar os resultados financeiros da empreendedora.

 

 EP: O que é preciso para não desistir do empreendedorismo?


Saber o porquê faz o que faz, onde quer chegar, como chegar onde deseja; buscar conhecimento; não deixar o outro afetar sua visão de si e do seu negócio; saber se posicionar, se impor, liderar e autoliderar; desenvolver resiliência.


Empreender, ter sua própria empresa te proporcionará ser transformada, como pessoa e profissional, você só precisa decidir se transformar e buscar os ambientes que vão te impulsionar a crescer, fuja dos ambientes que podem matar seus projetos.

 

 

*Layara Bueno tem uma coluna no Elas em Pauta, Unique Woman. Por 5 anos esteve à frente da liderança e treinamento de centenas de empreendedoras em uma multinacional de vendas; no Movimento Inspirando Mulheres, projeto social, idealizou e liderou por 3 anos, voltado para o desenvolvimento pessoal e profissional; no Mulheres impulsionando Mulheres, projeto para mulheres empreendedoras, onde liderou por 2 anos, a convite do SEBRAE – MG, também voltado para o treinamento, desenvolvimento de empreendedoras, educação empresarial e crescimento empresarial.

 

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