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O impacto de "Ainda Estou Aqui" e "A Substância" na representatividade feminina no cinema

Atualizado: 5 de mar.

Por Laíza Lima

As indicações de Fernanda Torres e Demi Moore ao Oscar 2025 por suas atuações em Ainda Estou Aqui e A Substância representam não apenas um reconhecimento artístico, mas também um marco na luta contra o etarismo e pela ampliação da perspectiva feminina no cinema. Ambas as performances desafiam padrões históricos da indústria de Hollywood e reforçam a importância de narrativas centradas em mulheres maduras, que por muito tempo foram marginalizadas ou reduzidas a papéis secundários.

Dirigido por Walter Salles, Ainda Estou Aqui resgata a história real de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres. Eunice foi uma mulher que enfrentou a ditadura militar no Brasil e passou 40 anos buscando respostas sobre o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva. O filme carrega uma forte carga emocional e histórica, colocando a perspectiva feminina no centro da narrativa política.

A atuação de Fernanda Torres foi aclamada internacionalmente, garantindo-lhe prêmios como o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama. Sua indicação ao Oscar reforça a valorização de mulheres acima dos 50 anos em papéis principais, algo que sempre foi uma barreira na indústria cinematográfica, onde as oportunidades para atrizes costumam diminuir à medida que envelhecem.

Já Demi Moore, em A Substância, protagoniza um thriller distópico que aborda de forma incisiva a pressão estética sobre as mulheres e o desejo pela juventude eterna. O filme, dirigido por Coralie Fargeat, utiliza o gênero do horror corporal para questionar padrões irreais de beleza e a maneira como Hollywood descarta atrizes conforme envelhecem.

A performance de Moore foi descrita como corajosa e visceral, mostrando que a atriz, antes um dos maiores ícones de sensualidade nos anos 80 e 90, ainda tem muito a oferecer ao cinema. Sua presença na corrida pelo Oscar amplia a discussão sobre como a indústria frequentemente descarta mulheres após determinada idade, enquanto atores homens continuam sendo escalados como protagonistas mesmo em idades avançadas.

O etarismo em Hollywood e a revolução silenciosa de Torres e Moore

A trajetória de Fernanda Torres e Demi Moore até o Oscar não é apenas sobre duas performances excepcionais, mas também sobre a necessidade de maior inclusão de mulheres maduras no cinema. O etarismo, preconceito contra pessoas mais velhas, é uma questão recorrente em Hollywood, onde atrizes veteranas encontram dificuldades para conseguir papéis de destaque.

O reconhecimento das performances dessas duas atrizes sinaliza uma possível mudança nesse paradigma. Se vencedoras ou não, ambas já deixaram sua marca ao provar que o talento e a profundidade de suas atuações não são limitados pela idade, e que o público está mais do que pronto para consumir histórias protagonizadas por mulheres maduras.

Essa movimentação também reflete uma mudança no próprio público: cada vez mais, mulheres acima dos 40 anos estão exigindo representatividade em histórias que retratem suas vivências de maneira autêntica e complexa. Filmes como Ainda Estou Aqui e A Substância mostram que essa demanda não apenas existe, mas também pode ser um sucesso de público e crítica.

A indústria do cinema, especialmente em Hollywood, historicamente construiu uma relação desigual entre idade e atratividade, sobretudo para mulheres. Enquanto os homens envelhecem e são valorizados como figuras de experiência, poder e charme, as mulheres são descartadas assim que ultrapassam determinada idade. O fenômeno não é novo, mas permanece enraizado na cultura cinematográfica.

Em Hollywood, há uma constante reafirmação do homem envelhecido como um símbolo de autoridade e charme. Atores como George Clooney, Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Tom Cruise continuam protagonizando filmes de ação, romances e produções de prestígio mesmo após os 50 ou 60 anos. Eles são celebrados pelo amadurecimento, visto como um sinal de sofisticação e atratividade.

Enquanto isso, as mulheres enfrentam uma realidade completamente diferente. Atrizes que já foram símbolos de sensualidade e talento em décadas anteriores desaparecem dos grandes papéis ou são rebaixadas a papéis coadjuvantes como mães, avós ou personagens sem profundidade. Se uma atriz continua na ativa, muitas vezes precisa recorrer a intervenções estéticas para atender ao padrão de juventude imposto pela indústria.

Esse desequilíbrio não é apenas estatístico; ele gera impactos profundos na saúde mental e na autoestima das atrizes. Muitas relatam a angústia de ver a carreira definhar à medidaque envelhecem, mesmo tendo reconhecimento de crítica e público. Esse medo leva algumas a procedimentos estéticos excessivos, que, por sua vez, são cruelmente julgados.

O reconhecimento de Fernanda Torres e Demi Moore no Oscar 2025 representa um avanço contra essa lógica excludente. Ambas mostram que mulheres maduras podem e devem ser protagonistas, trazendo complexidade e profundidade para personagens que

apesar da idade ainda podem ter seu destaque na tela.

A possível vitória de Fernanda Torres ou Demi Moore no Oscar 2025 seria um marco na história da premiação, consolidando um espaço maior para narrativas femininas maduras e encorajando mais diretores e roteiristas a explorarem essas história

 
 
 

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