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Como eu conheci a ansiedade

Por Rafaela Maciel*

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A ansiedade será um dos temas do filme Divertida Mente 2, que estreia dia 20 de junho nos. Riley, personagem principal, agora é uma adolescente e conhecerá novas emoções, entre elas a tão temida: ansiedade, que hoje faz parte da vida de cerca de 10% dos brasileiros, sendo o Brasil considerado o país mais ansioso do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outro dado preocupante é que 7 em cada 10 pessoas com ansiedade e depressão são mulheres.


Então, aproveitando o gancho deste assunto, gostaria de compartilhar como eu conheci a ansiedade, ou melhor, quando recebi o diagnóstico de ansiedade. Eu tinha 35 anos. Era mais um dia de trabalho. Estava na minha sala, sentada em frente ao notebook, desenvolvendo minhas tarefas, quando comecei a sentir o coração acelerar. A sensação era como se eu tivesse acabado de fazer uma maratona. Meu primeiro pensamento foi: estou infartando! Pedi ao meu colega que me levasse imediatamente para o hospital. Lá, após exames, veio o diagnóstico: crise de ansiedade. Eu imaginava que pudesse ser qualquer coisa, menos algo relacionado a minha saúde mental.

 

Foi então que resolvi tentar descobrir o que havia “desencadeado” essa crise. Comecei procurando a ajuda de uma psicóloga e foi, sem dúvidas, a melhor ação que fiz para mim. Foi um processo de autoconhecimento que passou a dar sentido para muitos fatos da minha vida, inclusive a minha primeira crise passou a fazer mais sentido para mim: naquela época eu vivia um momento delicado na vida familiar, estava sobrecarregada no trabalho, tinha uma filha de 5 anos para cuidar, fora a pressão de ser “perfeita” em todos os setores da minha vida, pressão que toda mulher carrega. Aquilo tudo era uma panela de pressão que explodiu e veio a crise. Hoje eu vejo que ela foi um alerta para dizer que algo precisava ser feito.

 

 Esta semana, no dia 28, foi celebrado o Dia Internacional da Saúde Feminina e quero destacar a importância de voltarmos a atenção para nossa saúde mental. Os dados não são nada animadores. No Brasil, 7 em cada 10 pessoas diagnosticadas com ansiedade e depressão eram mulheres, de acordo com pesquisa inédita realizada pela Think Olga. No último levantamento feito pelo Ministério da Saúde, o diagnóstico de depressão no Brasil entre as mulheres (14,7%) é o dobro do que o registrado entre os homens (7,3%).

 

Ainda segundo o relatório apresentado pela ONG, 45% das mulheres brasileiras têm diagnóstico de ansiedade, depressão, ou algum outro transtorno mental. Elas também são mais suscetíveis a transtornos de estresse, incluindo a Síndrome do Pânico. Irritabilidade, sonolência, fadiga, baixa autoestima, insônia e tristeza são os sintomas experimentado por elas cotidianamente. As causas apontadas pelas mulheres para essa situação se relacionam principalmente a falta de dinheiro, sobrecarga e insatisfação com o trabalho. Basta olhar para dentro do nosso ciclo de amizades, no trabalho, na família, que facilmente encontraremos casos de mulheres que estejam passando por algum transtorno mental.

Lidamos com: estereótipos patriarcais que ainda estão fortemente enraizados sobre os papéis que as mulheres devem ocupar, como por exemplo, o cuidado dos filhos ser tarefa das mulheres; lidamos com salários desiguais entre homens e mulheres; nos deparamos com ambientes de trabalho com diversos tipos de assédio; muitas ainda lidam com a situação de violência doméstica; relacionamentos tóxicos; problemas familiares; entre tantos outros, e com tudo isso, ainda falta acesso ao cuidado em saúde mental no SUS e nas redes de assistência social; entre tantas outras questões.

 

Com isso, é mais do que necessário voltar os olhares para esta questão da saúde mental feminina. Não apenas ações individuais, mas da sociedade como um todo. Os dados estão ai e não são nada animadores. Em minhas ações individuais, continuo nesse processo de autoconhecimento e desenvolvimento da inteligência emocional, e vejo que cuidar da minha saúde mental, que assim como a saúde física, é algo deve ser visto com toda atenção e carinho ao longo da vida.

 

 *Rafaela Maciel Leme, jornalista e diretora do Elas em Pauta

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